Psicanálise
| 3 de julho de 2020
Por adminfreudiano
“Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos.” Sigmund Freud
Em sua origem grega, a palavra trauma remete a ferida. No trabalho: Estudos sobre a Histeria, Freud percebia a relação de um evento traumático com a formação dos sintomas no sujeito. Em sua experiência com seus pacientes, observava que eles sofriam por causa de acontecimentos (reais ou fantasiados) ocorridos em algum momento de sua história de vida e que uma vez gravados no inconsciente, retornavam à consciência disfarçadamente sob a forma de sintomas, como paralisação de um membro do corpo, dentre inúmeros possíveis.
O trauma é uma ocorrência de origem psíquica, em que o sujeito, se encontra em uma excitação que não pode ser eliminada, de outro modo, quando ele passa por uma situação complicada em sua vida, podendo reter aquilo que aconteceu no seu inconsciente, podendo assim acabar por desenvolvendo angústias, sintomas e desconfortos.
Para ele, toda vivência que fomenta os penosos afetos de pavor, angústia, vergonha, dor psíquica, pode atuar como trauma psíquico; se isso de fato acontece depende, compreensivelmente, da sensibilidade da pessoa afetada. Dito de um outro modo, o sujeito pode se ver as voltas com um trauma psíquico na medida em que o evento factual supera sua vivência subjetiva.
Esse “golpe” traumático será capaz de dividir a vida do sujeito em duas etapas, sendo eles um antes da situação traumática e um depois, retirando os recursos que ela poderia utilizar em suas elaborações psíquica. Uma primeira experiência que afetou o sujeito se torna traumática pelo efeito de ressignificação que passa a ter num segundo momento. Estas lembranças não perdem o afeto, não sofrem o desgaste do tempo.
Para tanto, uma das tarefas da análise é: “tornar consciente tudo o que é patogenicamente inconsciente”. Se, por um lado, o trauma aponta para uma narrativa do insuportável, pelo excesso de realidade que comporta, por outro, paradoxalmente, é substancial que esse que se vê às voltas com o trauma, poder falar de sua história, endereçando-a à escuta de alguém que possa, com essa atitude, vir a articular a abertura de uma possibilidade de representação e ressignificação dessa marca deixada por esse encontro contingencial.
Isadora Nunes Pires Graduando em Psicologia pelo UNIPAM
Gustavo César F. Santana Psicólogo e Residente em atenção à Oncologia – HC/UFU
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