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| 26 de outubro de 2024
Por adminfreudiano
“Eu sou o suspiro sem fim de uma segunda-feira.”
Quinze minutos. O ponteiro não se mexe. A tela acende com as notificações, como uma mãe gritando no seu ouvido, “Acorda!” Mas você está bem acordado. Acordado e cansado. O tipo de cansaço que se instala atrás dos olhos, nos ossos, como se até o ar estivesse pesando o dobro.
“Eu sou a xícara vazia que enche e esvazia, e enche de novo.”
É isso que você é agora. Uma máquina de café humanoide. Pega um gole, digita algumas palavras. As mesmas palavras de ontem. As mesmas do mês passado. As mesmas palavras de antes de tudo começar a desmoronar. Porque o desmoronamento não começa com um grande barulho, mas com um clique. Um e-mail. Uma reunião às sete da manhã que vira uma reunião às sete da noite. E então, tudo começa a se repetir.
“Eu sou a própria repetição.”
Burnout. A palavra não existe de verdade. Foi inventada para que o cansaço extremo parecesse mais… glamoroso. Algo de que você pode se orgulhar, como uma medalha de honra. “Estou esgotado.” É o que você diz, enquanto todos na sala assentem com a cabeça. Você se torna um herói do sofrimento moderno. Mas ninguém te diz que esse cansaço não tem fim, que você não ganha nenhum troféu no final. Só uma cadeira vazia e uma mesa bagunçada.
“Eu sou o zumbido silencioso das lâmpadas fluorescentes no escritório vazio.”
Você olha ao redor. Todos parecem bem. Sorrindo. Como se não estivessem morrendo por dentro, um dia de cada vez. Eles também vão pra casa e dormem? Sonham com férias que nunca vão tirar? Fazem planos para se demitir, para largar tudo, mas na manhã seguinte ainda estão lá, no mesmo lugar, com a mesma cara e o mesmo cansaço de ontem?
“Eu sou Jack, completamente sem surpresa.”
E é isso. O burnout não é um colapso. Não é um grito desesperado por ajuda. É um consentimento silencioso. É aceitar que todos os dias são iguais, que seu cansaço é sua nova identidade. Porque o mundo agora se move tão rápido que parar não é uma opção. Você precisa estar cansado, porque se você não está, então… o que mais resta?
“Eu sou a pausa antes da mudança.”
Esse cansaço? Esse vazio? Ele não é uma medalha, nem um prêmio. Ele é a vida passando. Você olha para o relógio, e a pergunta fica lá. Quebra a repetição. Hoje, talvez, você se levante e faça algo diferente. Hoje, talvez, a pausa seja o primeiro passo para fora dessa sala.
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