Psicanálise
| 18 de junho de 2020
Por adminfreudiano
Posicionamentos entre o medo de iniciar a prática clínica e a coragem de construir relações a partir da experiência e do autoconhecimento.
Após alguns anos de formada em psicologia estou relendo o livro de Contardo Calligaris: “Cartas a um jovem terapeuta”. Sinto que revisitar textos e afetos nos auxilia tanto no conhecimento pessoal, como na construção do nosso saber e lugar clínico. Inspirada neste livro é que venho por meio desta crônica deixar um recado a você, meu caro colega, iniciante na prática da psicologia/psicanálise. Também já fui iniciante e sei como desejamos ter experiência, mas temos receios. Assim, eu sei que você quer se sair bem no estágio, quer ter boas notas e está ávido por experiência. Seu primeiro paciente será para você uma grande conquista e sei que as expectativas e o medo se misturam nesse momento. Mas quero te dizer que fique calmo, respire fundo antes de atender seu paciente e tenha em mente a seguinte palavra: Relação. Como você iniciaria uma relação com alguém? Que perguntas seriam pertinentes? Que tipo de escuta você deveria oferecer para que a pessoa se sentisse acolhida? Você já estabeleceu relações antes, então você nunca será inexperiente demais. É claro que os princípios éticos da prática em psicologia permeiam essa relação, mas quero que você saiba que você não está “cru” nessa empreitada, você tem a capacidade de interagir, de se relacionar. Ao menos uma relação inicial você já estabeleceu ao longo de sua vida… E mesmo que você ache que não tem essa habilidade relacional, pense em como gostaria de ser tratado por alguém em quem você confia para buscar ajuda e isso poderá lhe tocar a ponto de compreender o que é preciso para realizar um bom atendimento psicológico. Não duvide da sua capacidade de colocar em prática seu lado mais humano e assim, terá sessões de terapia realmente satisfatórias para sua jornada de aprendizagem. Deixo também um outro recado a você: a construção deste lugar clínico demanda muita leitura, vivência de espaços de compartilhamento com um orientador experiente e acima de tudo um gosto pelo autoconhecimento. Pense nisso!
Gabriela Castro • Psicóloga
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