Psicanálise
| 24 de julho de 2020
Por adminfreudiano
A maioria das pessoas, em especial os estudantes de psicologia veem a psicanálise como aquela, que fala complicado, que fala difícil, com uma difícil compreensão para outras pessoas, e como profissional ou até mesmo como professora acabo escutando falas muito parecidas com essa, nossa “falou bonito”, mas não entendi nada, que complicado.
As pessoas esquecem que as palavras em grande parte servem para demostrar, anunciar ações, sentimentos e sofrimento. Elas serão sempre instrumento de uso, mas acima de tudo, elas também são instrumento de trabalho, onde passamos a interpretar os afetos.
Por isso chamo a atenção para vocês de uma frase, dita por Bion, uma dessas poucas frases de efeito que se deve levar em consideração em um verdadeiro processo de análise, esse profissional e teórico, certa vez pronunciou a seguinte sentença. Se não parece com a vida, não é psicanálise. Ou seja, nosso processo enquanto terapeutas é sempre e quase sempre chegar em nossas análise e interpretação na “simplicidade” da vida cotidiana, da vida como verdadeiramente ela é.
Mas sabemos que não dá para ser sempre assim, e que bom que não é sempre assim, as vezes nossas vidas parecem com uma montanha russa, cheia de emoções, de altos e baixos, com variantes em alguns momentos, mas com invariantes em outros, e pense bem essas invariantes devem ser dado a sua atenção, por mais que nossos pacientes insistem em dar a maior importância a variante, mas bem, esse é nosso papel, mostrar a importância e consequência de cada um.
Essa é a magia do nosso trabalho, essa é a importância da análise, um trabalho feito para pessoas incomuns, mas executado por pessoas comuns, onde sua principal tarefa não difere da acolhida, da escuta qualificada, para demonstrar ao seu paciente, que essas invariantes que por muitos são chamadas de trivialidades da vida, devem sim ser trivialidades da análise.
Então meus caros, a Psicanálise, vai ser em qualquer tempo, e é nesse tempo de hoje em essência, uma tentativa de conhecimento e desenvolvimento da alma humana, e aqui entre nós, do comportamento humano também, de um ser humano em todos os seus aspectos e momentos da vida. Mas não se engane, como disse anteriormente é um trabalho para pessoas incomuns, por que ele constantemente utiliza da sua técnica e em alguns momentos disponibiliza sua metodologia, ou seja sua arte.
Mas em essência, se trata de um processo com certas regrinhas que possibilita o conhecimento e o desenvolvimento dos seres humanos, através da escuta qualificada e da capacidade de dar voz aquele que sofre.
E vale lembrar que como utilizamos a máxima de que se não parece com a vida, não é psicanálise, devemos nos lembrar dos resultados que ela proporciona. Não esperem nada mágico e nem criem expectativa de mudanças impressionantes. Por mais que elas aconteçam a maioria vem como a vida, um dia a pós o outro, devagar e algumas silenciosos, outras assustadoramente dolorosas. Uma vez que essas mudanças seguem o desejo do paciente e seu desenvolvimento. As vezes parece com aquele coberto de criança que pegamos já adulto cobre uma coisa, mas pode revelar outras.
Bom, então nós PSICANALISTAS utilizamos de uma técnica, isso que pode ser variante na vida, mas é uma invariante no setting e no lugar de análise, assim como utilizamos qualquer conhecimento com uma dada finalidade, sempre existe algo anterior ao que estamos fazendo naquele momento. E cabe ao profissional, cabe ao analista determinar qual e quando usar.
Hoje já não existe mais uma obrigatoriedade de 5 vezes por semana, talvez uma, mas aprendemos e respeitamos o desejo do sujeito e sua condição de bancá-lo em duplo sentido claro. Mas não se esqueça podemos mudar algumas coisas, mas sempre precisamos saber onde isso leva e o que interfere.
Mas não se enganem não, estar nesse lugar demanda muita coragem, tanto para quem faz, quanto para quem executa. Nossa profissão nos possibilita conhecer o ser humano tal como ele é, com amor, ódio, tristeza e alegria, por isso costumamos dizer que a vida é encontros e desencontros. E nesse jogo da vida o seu paciente espera no mínimo que você enquanto analista dele entre no jogo da vida dele, para ganhar.
Lembre-se todos tem o direito de escolher entrar ou não nessa jornada que merece e requer coragem, mas saiba a escola da vida ensina, sim ela ensina, e todos nos sabemos disso. E sabemos também do seu preço e das suas dores, então lembre se quando achar um “cuidado caro”, pense duas vezes, pois o preço da vida e de uma neurose são inegociáveis.
E para não me alongar muito, sabe aquele ditado, nós apenas conhecemos uma pessoa depois que comermos um saco de sal com ela, pois bem, vale a pena conhecer-se em análise, cuidar-se em análise para que possamos sempre dizer que nossa vida é uma vida que vale a pena se viver. (Sem muitas hipertensões).
Gostaria de agradecer sua presença até aqui, continue nos seguindo na rede social e aguarde o tema da próxima semana e as demais novidades que sempre estão vindo por ai. Forte abraço!
Psicóloga Paula Gonçalves
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